Durante uma live, o famoso escritor conservador rechaçou seu papel de ''guru bolsonarista'' e afirmou que tudo o que Bolsonaro faz é ''para perder a guerra''.
Não é incomum acordar pela manhã e se deparar com notícias sobre "divórcios políticos” do presidente Jair Bolsonaro (PL). Parcerias consideradas fiéis foram, ao longo dos últimos três anos, se desfazendo. A maior parte delas, resultando em um “divórcio litigioso”, polêmico e sem perspectivas de reconciliação. É o caso de nomes como Sérgio Moro, Ricardo Salles e Abraham Weintraub.
Agora, para a surpresa de muitos, sem poupar o palavreado, o até então “guru” bolsonarista não teve rodeios ao criticar as atitudes do líder do Executivo. Em uma participação no programa "Conserva Talk” nessa segunda-feira (20/12) , Olavo de Carvalho tentou afastar seu nome da gestão de Bolsonaro.
Para o famoso escritor conservador, as chances de uma reeleição em 2022 são quase nulas. “É uma briga perdida”, afirmou. “Bolsonaro é um sujeito que aprecia ser insultado, aprecia ser humilhado, porque tudo o que ele faz é para perder a guerra”.
Ao falar de sua relação com o presidente, Carvalho foi direto. “Conversei com Bolsonaro quatro vezes na minha vida e duvido que ele tenha lido um livro meu inteiro”. Ele rechaça, ainda, o termo cunhado a ele de “guru bolsonarista”.
Eleições de 2022
A polarização política brasileira, segundo Olavo de Carvalho, tende a um lado: à esquerda. Para ele, conforme dito na entrevista, não há uma direita no país; “somente o bolsonarismo”.
Um avanço parcial e local da direita não quer dizer nada, o pessoal se iludiu muito com a eleição de Bolsonaro”, defendeu. “Vencer uma eleição não é nada, cargo eletivo não é poder. Só um imbecil acredita nisso”.
Ao relembrar a corrida eleitoral de 2018, o escritor disse que Bolsonaro o usou como “poster boy”, termo em inglês para garoto de programa. “Me usou para se promover e depois disso, não só esqueceu tudo que eu disse, como até os meus amigos que estavam no poder”, argumentou, ao se referir aos dois ministros, indicados por ele, que foram desligados do cargo: Ernesto Araújo, no Ministério de Relações Exteriores e Ricardo Vélez Rodríguez, em Educação.
Para “aliviar” um pouco as críticas, o escritor chegou a dizer que o presidente é um "excelente administrador", mas o comparou a um prefeito de "cidade do interior".
Aos apoiadores de Bolsonaro, Carvalho foi enfático: "não venham com esperanças tolas porque a briga já está perdida. A elite inteira está contra Bolsonaro e ela continua mandando no pedaço”.
Apesar de eventuais elogios, as críticas têm se tornado cada vez mais comuns e esta não é a primeira vez que ele critica a gestão. Há um ano, o escritor disse que Bolsonaro deveria renunciar se não defendesse "os mais fiéis amigos". Também em 2020, afirmou que poderia "derrubar o governo".