Sócio e conselheiro do Carrefour, o empresário Abílio Diniz é otimista com o Brasil, disse ele em apresentação em sala cheia de um evento promovido nesta terça-feira, 31, pelo banco de investimentos Credit Suisse. Seu receio, no entanto, é de que a reforma tributária proposta pelo governo Lula seja no modelo "Robin Hood": "que tire dos ricos para dar aos pobres", como ele definiu.
"A tributação de dividendos dever ser feita acima da pessoa jurídica, para haver compensação. Não sobre a pessoa física. Tenho um pouco de receio de como vão fazer a reforma tributária", disse. Diversos países tributam dividendos, mas o tema é mesmo complexo. Acadêmicos apontam que a ausência de tributação incentiva a distribuição, enquanto a tributação estimula investimentos.
O empresário estava acompanhado de Rubens Menin, fundador e presidente do conselho da construtora MRV, além do banco Inter. "A carga tributária no Brasil chegou no limite, não tem mais espaço para subir. Chegou num ponto que começa a ter evasão. Precisa melhora a carga e a base de arrecadação", disse Menin. Em sua opinião, dificilmente vai sair uma reforma tributária ampla, "mas dois passos é melhor do que nenhum".
Defendida pelos empresários, a reforma tributária foi apontada pelos dois como uma pauta necessária e urgente no país que, agora não deve falar em "revanchismo", segundo Diniz. "Temos instituições fortes, muito fortes", argumentou destacando a importância da segurança política para o ambiente de negócios. "Instabilidade política se esquece rapidamente, daqui para frente se precisa de algo tranquilo."
Para conter o avanço da inflação, os bancos centrais de todo o mundo tiveram que aumentar os juros. Mas o remédio tem seus efeitos colaterais negativos. E um deles é tornar a vida de quem quer empreender mais difícil. Ainda mais no Brasil. "Os juros reais são quase o maior do mundo. É muito pesado para empreender", disse o ex-GPA e atual vice-presidente do conselho do Carrefour, Abílio Diniz.
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