O Brasil ficou mais pobre em dez anos. Entre 2012 e 2022, a fatia de domicílios brasileiros que integra as classes D e E aumentou de 48,7% para 51%, mostra um levantamento realizado.
Em números absolutos, são 37,7 milhões de domicílios compondo a base social neste ano.
REALIDADE
O casal Steffany Aparecida Neves Prado, de 30 anos, e Juliano Prado Silva, de 31, chegou a ter uma renda conjunta mensal superior a R$ 3 mil. Ele trabalhava com o pai, como auxiliar de marceneiro, e ela era vendedora numa loja de roupas.
Hoje, o cenário é completamente diferente. Desempregados, os dois vivem de bicos. Juntos, conseguem uma renda mensal de R$ 400. "Quando aparece um bico, a gente vai correndo", diz Steffany, que hoje faz faxina num consultório odontológico.
"Eu posso falar que a nossa vida já esteve melhor, bem melhor. A gente já teve carro e tudo dentro de casa. Hoje, estamos sem geladeira. Vivemos de doação de cesta básica", afirma.
Os dois são pais de três crianças. Por dia, gastam um quilo de arroz e um quilo de feijão para alimentar toda a família.
"O dinheiro do bico vai para comprar arroz, feijão, mistura, essas coisas baratas. Faz tempo que não entra carne dentro de casa. Se for comprar um quilo de carne, vou deixar R$ 100 no mercado", diz ela.
Com uma renda baixa, a família de Steffany vai acumulando dívidas – o atraso na conta de luz já soma cerca de R$ 9 mil. "Não pago aluguel porque moro na casa da minha sogra e não tenho como pagar outras contas. A internet também está cortada."
Vale salientar, que a concentração de pessoas que vivem em situação de pobreza no Nordeste é a maior entre as cinco regiões brasileiras.
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