O relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2021”, elaborado por várias agências das Nações Unidas, aponta dados alarmantes: quase 50 milhões dos 213 milhões de brasileiros, inclusive crianças, “deixaram de comer por falta de dinheiro ou tiveram uma redução significativa na qualidade e quantidade de alimentos ingeridos” entre 2018 e 2020 - um aumento de 5,2% em comparação com o período anterior analisado, entre 2014 e 2016.
Os recursos escassos dificultam que ela siga a dieta que precisa para controlar a diabetes. “Precisava de uma alimentação saudável, mas com o que ganho, não dá”, lamenta.
"Carne, só na televisão"
Marcado por imagens chocantes nos últimos meses de pessoas recorrendo a ossos para se alimentar, o país enfrenta um sério agravamento da miséria.
Implementado em 2003 pelo governo do ex-presidente Lula (PT), o programa Bolsa Família tirou mais de 3,4 milhões de pessoas da pobreza extrema em 2017, segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em novembro deste ano, foi extinto pelo governo Bolsonaro (PL) para implementação do Auxílio Brasil. Algumas pessoas assistidas pelo programa, afirmam que ainda não recebeu o novo auxílio.
"A partir de 2016, começou uma redução drástica das políticas de apoio à segurança alimentar. É importante lembrar que o governo Bolsonaro destruiu o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Você pega a política pública que tá dando certo e simplesmente destrói”, explica Rodrigo.
"Em 2014, quando o Brasil saiu do mapa da fome da ONU, tínhamos mais ou menos 4,5 milhões de brasileiros nessa situação. Em 2020, chegamos a quase 20 milhões", acrescenta.
“Com a pandemia, começamos a ter uma única refeição no dia porque as coisas estão muito caras”, lamenta essa costureira. "Carne eu só vejo na televisão. Sempre pensamos ‘o que vou comer amanhã?’"
Para o diretor-executivo da Ação da Cidadania, se todas as políticas públicas contra a fome "estivessem sendo implementadas, não teríamos uma população passando fome e pegando osso no meio da rua".
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