O aumento no número de casos de febre amarela, principalmente em São Paulo, tem gerado pânico na população, que lota os postos de saúde em busca de vacina. Esse é mesmo o caminho correto a seguir (afinal, melhor se prevenir do que remediar)? Estamos diante de um surto? Temos que nos preocupar? A dificuldade no diagnóstico da doença tem provocado as mortes? Será que o vírus está mais mortal?
À medida que os casos de febre amarela se expandem pelo Brasil, mais aumentam as dúvidas em torno desta doença que é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes (no caso da febre amarela silvestre ou rural) e Aedes Aegypti (para a febre amarela urbana).
Vamos esclarecer diversas questões relacionadas à doença causadora de índices preocupantes de letalidade (mortes).
O infectologista Migowski, diretor-presidente do Instituto Vital Brazil, considera que o momento atual é grave e pede vacinação imediata. O infectologista argumenta que a imunização é segura e causa, no máximo, reações não esperadas para quem tem mais de 59. "Quando tomada pela primeira vez, [a vacina pode] provocar maior incidência de efeitos adversos, até de maior gravidade, quando se compara às pessoas com menos de 60 anos. Mas não chega a ser um risco que torne proibitiva a vacinação [em pessoas com mais de 60 anos]. Portanto, aconselho a vacinação para esta faixa etária".
Dúvidas também existem em relação às gestantes. Para o infectologista, as circunstâncias em que as grávidas se encontram determinarão a necessidade da imunização: "Se risco da grávida adoecer de febre amarela for muito grande. Normalmente, evita-se vacinar a gestante nos três primeiros meses de gravidez (em que o risco de aborto espontâneo é grande mesmo sem relação com a vacina) mas, se a situação for de elevado risco e esta gestante não apresentar alergia, ela pode e deve ser vacinada", explica.
A vacina só deve ser evitada em mulheres amamentando crianças com menos de 6 meses, bebês abaixo desta idade, pessoas com alergia grave a ovo e paciente com baixa imunidade (como pessoas sob tratamento de quimio e radioterapia, receptores de corticoides e infectados pela AIDS), explica o profissional. Migowski faz ainda um alerta sobre a letalidade da doença. "A febre amarela mata de 30 a 50% dos infectados. 30 a 50 pessoas em cada grupo de 100. A letalidade da febre amarela não é tão pequena quanto a dengue mas é bem inferior à da raiva. Não dá para negligenciar uma doença de tamanha gravidade", afirma.
Propagação da doença
Macacos têm sido apontados como também responsáveis pela propagação da doença. Circula na internet um áudio em tom cômico em que uma brasileira pede imunização contra "a febre do macaco" e argumenta que os primatas deveriam ser tratados. Na verdade, estes animais são maiores vítimas dos mosquitos transmissores, já que são os primeiros a serem infectados pela doença.
“O macaco funciona para a febre amarela como funciona a sirene de alarme nas comunidades que apresentam risco de desabamentos em razão de fortes chuvas. Se as sirenes soam nestas comunidades, é porque o risco é grande. A situação é similar: se há macacos mortos em determinadas regiões, eles são sinais claros de que foram contaminados pela febre amarela silvestre. Logo, o macaco não é transmissor da doença e sim, vítima. Os vetores desta doença são sempre os mosquitos (no caso da febre amarela silvestre, os mosquitos Haemagogus e Sabethes, e no caso da febre amarela urbana, o Aedes Aegypti). Os mosquitos contaminam os macacos por serem alvos mais fáceis do que os primatas humanos já que gostam de ficar no alto das árvores", explica.
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